Béu é uma das comunas do município de Maquela do Zombo na provincia do Uíge. Esta comuna faz fronteira com a República Democrática do Congo a norte, com a comuna de Sacandica no este, a sul com a comuna de Cuilo Futa, Cuilo Camboso no sul-este, enquanto no oeste-sul-oeste encontra-se a comuna de Nkama-Ntambu e Maquela do Zombo no oeste. Tem uma população que se estima superior a 70.000 habitantes.
A população do Béu dedica-se principlamente a agricultura tradicional de terras queimadas. As terras fertis e o clima tropical oferecem avantagens na dedicação desta actividade. A comuna do Béu é a espina produtora agrícola do município produzindo mandioca e derivados (bombõ, sacafolha ou kizaca, kikwanga), feijão, milho, ginguba, wangila (geri-geri), cafe e bebidas como mbamvu (álcol a base de milho fermentado), nsamba e matombe (álcol palmeiral). A floresta do Béu também produz plantas e frutos alimentares tais como m’fumbwa (gnetum africanum), mbonde (calulo selvagem), makalakonki (laranja de casca dura) etc.
A actividade artesenal não é muito praticada mas a fabricação de ngiendos (muchila tradicional) é quase uma actividade familiar. A fabricação de kondes (redes para a caça), para além doutras criações isoladas, é reduzida e occasional.
O povo de Béu alimenta-se de carne da sua elevagem doméstica de porcos, cabritos e galinhas. Tendo uma vegetação variada e uma floresta densa, a população dedica-se a caça de viados, macacos, aves e outros animais. No Béu a caça individual é constante enquanto a veta (caça colectiva predominada pelo uso de makondes, armas e cães) é programada semanalmente. Nos fins de cada ano a população caça ao fundo nos lombos (caça durante dias sucessivos duma semana) nas profundidades da grande floresta, aos arredores dos ditos mabaxis (antigas aldeias recuadas no fulcro da grande floresta).
Os populares do Béu não se dedicam muito ao comercio visto a redução de produtos variados, limitação da moeda em circulação, falta de poder de compras e falta de meios de comunicação (boas estradas e transporte). Esta condição é também a causa duma produção limitada. As picadas que fazem do Béu o ponto de partida e de ligação a Maquela do Zombo, Kuilo-Futa e Sakadica são menos frequentadas e em precárias condições já que a ponte do Nzadi tem sido constantemente derrubada pelas revoluções. Seus produtos são comercializados nas praças de Kintanu, Nsola e Vinte-e-cinco. Os produtores arriscados vendem seus produtos em Maquela ou Quibocolo nuns preços ditados audaciosamente pelos compradores, já que esses tem na consciência que uma vez os produtos lá se encontrem os produtores são obrigados vender-los a qualquer preço, pois que não possuem suficiente energia para carregar de volta o mesmo peso. Outros tentam o impossível, de vender seus produtos arriscando as fronteiras minadas. Os populares de Béu sofrem na carne a falta de produtos básicos de alimentação como sal, acúcar, olheo, sabão e medicamentos. O sonho sobre água potável e electricidade é tão prematuro. É muito necessário de reiterar que Béu nunca teve a oportunidade de receber produtos que transitaram qualquer porto angolano e nunca recebeu personalidade da elite politico-económica da nação vindo a nível da provincia. Toda a infrastrutura comercial (lojas, grupo electrogénico) herdada do colonialismo foi destruida como efeito da revolução.
Béu tem um subsolo que se considera ainda misterioso porque ainda é inexplorado, que actualmente só serve de fundação para os passantes e de poucos carros que por lá occasionalmente se aventuram. Este subsolo apresenta características não só de fertil mas de possuir riquezas variadas como de mármores e outras pedras importantes.
Quando se debruça sobre a vida nas aldeais, em Africa não se pode imaginar sobre a industria. A única industria talvez seja da formação do homem, isto é atravez um sistema educacional. No Béu como em todas as comunas do Zombo não existem escolas secundárias, excepto na sede municipal onde centenas de estudantes vão aglomerando a volta de poucas vagas nas condições péssimas. Os jovens do Béu, Kuilo e Sakadica que terminam a formação primária e que conseguem matricular-se no Zombo são chamados a caminhar regularmente longas distâncias nos weekends a procura de comidas nas suas comunas para se sustentar no município. A dureza desta condição de sobrevivência escolar é um impedimento as raparigas que ficam excluidas nesta batalha estudantil.
A esperança da vida no Béu, superior a 45 anos, pode ser surprenante ao resto da população angolana. O povo do Béu alimenta-se geralmente com produtos agrícolas frescos; ora que vive no centro da grande floresta onde o ar atmosférico não é muito poluido. Contudo este povo tem travado constantes lutas, como outros povos da região invadidos pela constante presença de vekos (mosca tsé-tsé) que transmitem a doença de sonho. Tem-se feito campanhas de vacinação uma vez em cada cinco anos enquanto a mosca tsé-tsé tem uma vida apaziguada, reproduzindo-se mesmo no seio desta população.
Uma brecha histórica afantasmada.
Pensa-se que os primeiros habitantes dos povos do Béu deslocaram-se de Nkama-Ntambu para nessas terras se instalar nos mabaxis nos fins do século 17. Outros grupos se deslocaram no inicio do século seguinte dos Kuilos. Foi no meio do século 18 que estes povos começaram instalar-se nas actuais aldeias, deixando mabaxis. Mesmo na história dos bakongo, os beuenses sempre viveram lado ao lado com seus primos bambata e bambeko. O povo do Béu (os bambeu - os beuenses) nunca teve liaisons familiares com os bazombo nem tão pouco com os bayaka que nos fins de século 17 e no inicio de século 18 invadiram o reino do Kongo. Nos anos sessenta do século 20, a população do Béu se multiculturou depois da instalação de certos povos vindo do Kuilo-Futa, Kimbele, Camboso e mesmo Sakadica que não conseguiram alcançar o Congo onde deveriam refugiar-se durante as incursões das tropas coloniais no norte de Angola. Aceita-se que a familiarização com os bazombo nascera há tempos atravez casamentos e boa vizinhança.
Béu foi também o palco de certas lutas entre a tropa colonial e a ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola – braço armado da FNLA) mas também entre as FAPLAs (Forças Armadas Populares da Libertação de Angola –pertencente ao MPLA) e da UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola). As confrontações entre o MPLA e a UNITA no Béu expandiram-se do campo militar ao ecológico. Estas lutas causaram a deslocação forçada deste povo ao Congo Democrático onde alguns permaneceram como refugiados e posteriormente em Luanda, também como refugiados internos. O grande êxodo desta população ocoreu em 1961 quando a maioria protestante foi esmagada pela PIDE em colaboração com a Igreja católica. Actualmente o 2/3 desta população forçada a abandonar a comuna vive sem recursos com sonhos de um dia voltar a sua terra natal.
Uma boa parte desta população foi vítima da fantasma do baptismo protestante. Desde a fundação do Centro da Missão Baptista de Quibocolo, a população protestante do Béu foi obrigada de se baptizar neste. Daí foi chamada a traversar o grande rio Nzadi, depois de longas caminhadas nos períodos chuvosos, onde muitos crentes perderam suas vidas assim como seus filhos chamados para lá frequentar a escola protestante. Foi por consequência deste que Béu foi feito um município ecclesiástico e núcleo da Igreja Baptista em Angola.
A população do Béu dedica-se principlamente a agricultura tradicional de terras queimadas. As terras fertis e o clima tropical oferecem avantagens na dedicação desta actividade. A comuna do Béu é a espina produtora agrícola do município produzindo mandioca e derivados (bombõ, sacafolha ou kizaca, kikwanga), feijão, milho, ginguba, wangila (geri-geri), cafe e bebidas como mbamvu (álcol a base de milho fermentado), nsamba e matombe (álcol palmeiral). A floresta do Béu também produz plantas e frutos alimentares tais como m’fumbwa (gnetum africanum), mbonde (calulo selvagem), makalakonki (laranja de casca dura) etc.
A actividade artesenal não é muito praticada mas a fabricação de ngiendos (muchila tradicional) é quase uma actividade familiar. A fabricação de kondes (redes para a caça), para além doutras criações isoladas, é reduzida e occasional.
O povo de Béu alimenta-se de carne da sua elevagem doméstica de porcos, cabritos e galinhas. Tendo uma vegetação variada e uma floresta densa, a população dedica-se a caça de viados, macacos, aves e outros animais. No Béu a caça individual é constante enquanto a veta (caça colectiva predominada pelo uso de makondes, armas e cães) é programada semanalmente. Nos fins de cada ano a população caça ao fundo nos lombos (caça durante dias sucessivos duma semana) nas profundidades da grande floresta, aos arredores dos ditos mabaxis (antigas aldeias recuadas no fulcro da grande floresta).
Os populares do Béu não se dedicam muito ao comercio visto a redução de produtos variados, limitação da moeda em circulação, falta de poder de compras e falta de meios de comunicação (boas estradas e transporte). Esta condição é também a causa duma produção limitada. As picadas que fazem do Béu o ponto de partida e de ligação a Maquela do Zombo, Kuilo-Futa e Sakadica são menos frequentadas e em precárias condições já que a ponte do Nzadi tem sido constantemente derrubada pelas revoluções. Seus produtos são comercializados nas praças de Kintanu, Nsola e Vinte-e-cinco. Os produtores arriscados vendem seus produtos em Maquela ou Quibocolo nuns preços ditados audaciosamente pelos compradores, já que esses tem na consciência que uma vez os produtos lá se encontrem os produtores são obrigados vender-los a qualquer preço, pois que não possuem suficiente energia para carregar de volta o mesmo peso. Outros tentam o impossível, de vender seus produtos arriscando as fronteiras minadas. Os populares de Béu sofrem na carne a falta de produtos básicos de alimentação como sal, acúcar, olheo, sabão e medicamentos. O sonho sobre água potável e electricidade é tão prematuro. É muito necessário de reiterar que Béu nunca teve a oportunidade de receber produtos que transitaram qualquer porto angolano e nunca recebeu personalidade da elite politico-económica da nação vindo a nível da provincia. Toda a infrastrutura comercial (lojas, grupo electrogénico) herdada do colonialismo foi destruida como efeito da revolução.
Béu tem um subsolo que se considera ainda misterioso porque ainda é inexplorado, que actualmente só serve de fundação para os passantes e de poucos carros que por lá occasionalmente se aventuram. Este subsolo apresenta características não só de fertil mas de possuir riquezas variadas como de mármores e outras pedras importantes.
Quando se debruça sobre a vida nas aldeais, em Africa não se pode imaginar sobre a industria. A única industria talvez seja da formação do homem, isto é atravez um sistema educacional. No Béu como em todas as comunas do Zombo não existem escolas secundárias, excepto na sede municipal onde centenas de estudantes vão aglomerando a volta de poucas vagas nas condições péssimas. Os jovens do Béu, Kuilo e Sakadica que terminam a formação primária e que conseguem matricular-se no Zombo são chamados a caminhar regularmente longas distâncias nos weekends a procura de comidas nas suas comunas para se sustentar no município. A dureza desta condição de sobrevivência escolar é um impedimento as raparigas que ficam excluidas nesta batalha estudantil.
A esperança da vida no Béu, superior a 45 anos, pode ser surprenante ao resto da população angolana. O povo do Béu alimenta-se geralmente com produtos agrícolas frescos; ora que vive no centro da grande floresta onde o ar atmosférico não é muito poluido. Contudo este povo tem travado constantes lutas, como outros povos da região invadidos pela constante presença de vekos (mosca tsé-tsé) que transmitem a doença de sonho. Tem-se feito campanhas de vacinação uma vez em cada cinco anos enquanto a mosca tsé-tsé tem uma vida apaziguada, reproduzindo-se mesmo no seio desta população.
Uma brecha histórica afantasmada.
Pensa-se que os primeiros habitantes dos povos do Béu deslocaram-se de Nkama-Ntambu para nessas terras se instalar nos mabaxis nos fins do século 17. Outros grupos se deslocaram no inicio do século seguinte dos Kuilos. Foi no meio do século 18 que estes povos começaram instalar-se nas actuais aldeias, deixando mabaxis. Mesmo na história dos bakongo, os beuenses sempre viveram lado ao lado com seus primos bambata e bambeko. O povo do Béu (os bambeu - os beuenses) nunca teve liaisons familiares com os bazombo nem tão pouco com os bayaka que nos fins de século 17 e no inicio de século 18 invadiram o reino do Kongo. Nos anos sessenta do século 20, a população do Béu se multiculturou depois da instalação de certos povos vindo do Kuilo-Futa, Kimbele, Camboso e mesmo Sakadica que não conseguiram alcançar o Congo onde deveriam refugiar-se durante as incursões das tropas coloniais no norte de Angola. Aceita-se que a familiarização com os bazombo nascera há tempos atravez casamentos e boa vizinhança.
Béu foi também o palco de certas lutas entre a tropa colonial e a ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola – braço armado da FNLA) mas também entre as FAPLAs (Forças Armadas Populares da Libertação de Angola –pertencente ao MPLA) e da UNITA (União Nacional para Independência Total de Angola). As confrontações entre o MPLA e a UNITA no Béu expandiram-se do campo militar ao ecológico. Estas lutas causaram a deslocação forçada deste povo ao Congo Democrático onde alguns permaneceram como refugiados e posteriormente em Luanda, também como refugiados internos. O grande êxodo desta população ocoreu em 1961 quando a maioria protestante foi esmagada pela PIDE em colaboração com a Igreja católica. Actualmente o 2/3 desta população forçada a abandonar a comuna vive sem recursos com sonhos de um dia voltar a sua terra natal.
Uma boa parte desta população foi vítima da fantasma do baptismo protestante. Desde a fundação do Centro da Missão Baptista de Quibocolo, a população protestante do Béu foi obrigada de se baptizar neste. Daí foi chamada a traversar o grande rio Nzadi, depois de longas caminhadas nos períodos chuvosos, onde muitos crentes perderam suas vidas assim como seus filhos chamados para lá frequentar a escola protestante. Foi por consequência deste que Béu foi feito um município ecclesiástico e núcleo da Igreja Baptista em Angola.
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